
Vivemos, é certo, numa Ditadura da Imagem ou, como refere Augusto Cury, numa Ditadura da Beleza. São os parâmetros perfeitos do rosto, do corpo. Exige-se a perfeição e nada mais do que isso. Basta ver o caso recente de Jessica Athayde, que foi severamente criticada (especialmente por mulheres, curioso) por supostamente estar "gorda", ter celulite e não ter o tão "esperado" corpo para poder pisar uma passerelle, como se isso fosse algo unicamente exclusivo das modelos profissionais, que, por sinal, são magras. Mas contraditoriamente também se criticam ferozmente estas ditas modelos, que são chamadas de anorécticas, esqueletos andantes e por aí fora... Mesmo aquelas que não são assim tão magras, nem padeçam realmente de tal doença. Sim, porque há modelos que não são anorécticas, mas apenas magras. Tão simples como isso. Nem todas passam fome, nem fazem grandes dietas e podem até comer fast-food sem engordar uma grama, porque lá está... é a questão da bendita genética. E é precisamente isso que parecer "irritar" certas mulheres que apontam o dedo a quem tem o "azar" de ser magra.
Quem são as 'Mulheres Reais' (algo que tanto se fala)? São as 'cheinhas' como quer a Dove fazer crer? Não, certamente. Há mulheres dos mais variados tipos. Mulheres "Reais", do dia-a-dia são Todas: magras, gordas, altas, baixas... E é esta diversidade que deve ser aceite e celebrada por cada pessoa. Não se deve seguir o caminho da ostracização, somente com o objectivo de tentar melhorar a autoestima de um grupo. Não é mesmo por aí.
Autoestima é algo muito mais complexo do que parece à primeira vista e passa pela total aceitação de si mesmo, com todas as qualidades e defeitos. É gostar realmente de si mesmo, valorizar os pontos fortes, estar contente consigo mesmo e não se comparar aos outros, nem desejar ter o que os outros têm. Mais autoestima, mais autoconfiança tornará as mulheres muito mais felizes e, claro, mais agradáveis e simpáticas com as outras mulheres. E é algo que não se consegue numa marquesa de cirurgia estética. Querer mudar o corpo, por si só, já denuncia essa falta de amor próprio, essa concentração nos aspectos negativos e rejeitá-los a tal ponto de querer mudá-los. E depois da mudança será que se consegue efectivamente essa dose de verdadeira autoestima? Não creio. Pode aparentar uma melhoria, mas é só. Ou ela já existe ou então não será por esse "milagre" da medicina.
Como Consultora de Imagem, sempre digo que existem vários tipos de corpo e todos eles devem ser celebrados. Cada pessoa é única, com características muito específicas. Valorizar os pontos fortes e aceitar os menos positivos é a chave. E assim aprender a vestir-se de acordo com o corpo que se tem. Sem dramas. Com total clareza e descontração.
O vídeo que se segue demonstra bem o conceito distorcido/negativo que as mulheres têm sobre si mesmas.